ATENÇÃO: Leia primeiro o 6º dia
Preparem-se! Nesse dia 18 de novembro de 2008 muita coisa aconteceu. Não consegui escrevê-lo todo hoje. Estou exageradamente cansada. Um pouco de sensação de um ano atrás.
Preparem-se! Nesse dia 18 de novembro de 2008 muita coisa aconteceu. Não consegui escrevê-lo todo hoje. Estou exageradamente cansada. Um pouco de sensação de um ano atrás.
Acordamos ainda esperançosos que tudo poderia mudar. Estava bebendo mais água ainda e tentava ficar mais quieta. Mas com as dores era impossível. Essas dores atrapalharam muito meu repouso. Cada acocorada que eu dava, era um fluxo de líquido que saía.
Rebeca e minha mãe deram uma geral lá em casa. Arrumaram/limparam tudo. Cuidaram da enorme trouxa de roupa suja. Rebeca resolveu um monte de coisa pra mim. Minha mãe lavou as roupinhas da Kyara. Eu não tinha cabeça pra nada. As duas cuidaram muiiiito de mim. Bastava eu pensar em alguma coisa que elas traziam pra mim.
Consegui conversar com Quésia pra fazer o US hoje. (Estava marcado pra amanhã. Lembram?).
Adriano foi trabalhar de manhã e voltaria pra almoçar conosco e irmos fazer o US.
Eu estava cansada e com sono. Rebeca me fez uma massagem tão maravilhosa que eu apaguei. Ainda hoje me emociono com o carinho todo que recebi dela. Com o toque de paz que ela me proporcionava. Foi fundamental essa rede de apoio que eu tinha ao meu lado.
Durante todos esses dias compartilhávamos tudo que acontecia com vários profissionais que conhecemos pelo Brasil a fora. Muitos elogiavam a conduta. Diante do quadro, a cesárea era mesmo indicada.
Mas eu não ia me render a ela tão facilmente assim. Precisava ter certeza mesmo que não havia mais nada a fazer. Olhava pra Rebeca com a pergunta nos olhos: "Vai ter que ser cesárea mesmo?" e ela me respondia com os olhos: "Não vejo outra saída. Queria que acontecesse um milagre!"
Tomei a eritromicina por volta de 6h e depois não tomei mais. Almoçamos e fomos encontrar com Quésia. Dri e Rebeca, meus fiéis escudeiros! rsrs Fui no carro sentindo dores. Esperamos o horário do US com dores. Quando estava perto da hora de entrar, as dores estavam mais leves. (Era a danada da eritromicina mesmo! O efeito dela estava acabando..). A moça chamou meu nome. Agora é a hora do vai ou racha! Entramos todos.
Quésia passava o aparelho de US na minha barriga e eu torcia por uma boa notícia. Avaliou tudo e ia dizendo que estava bem (como das outras vezes). Sei que ela já tinha olhado o ILA mas penso que queria olhar várias vezes antes de dizer alguma coisa. Até que "Os quatro quadrantes estão praticamente secos" "Tem um pouquinho de líquido aqui" "0,9".
Perguntei pra Quésia o que ela achava. Ela olhou pra mim com uma carinha triste e querendo me consolar ao mesmo tempo. Olhei no olhos dela e antes que ela dissesse que era melhor eu conversar com o Lucas eu disse "Me diga o que você faria se fosse você! Ou se fosse uma paciente sua! Me diga como amiga!". Ela disse balançando a cabeça vagarosa e afirmativamente "Cesárea". Eu já sabia que ela diria isso. Olhei pro Dri e pra Rebeca e não precisamos dizer mais nada.
Saí da sala sentindo dores ainda. Liguei pra Míriam e contei tudo. Ela me tranquilizou e me sugeriu fazer a cesa no Hospital Clínicas. (A idéia anterior era o Vila da Serra, pois o Sofia estava lotado). Então ela contou que já trabalhou lá e que lá tem Banco de Leite e Mãe Canguru. Isso seria muito importante pra nós. Eu poderia fazer a internação toda pelo meu plano de saúde. Adriano ficaria comigo no apartamento. Teríamos um conforto e estaríamos num hospital Amigo da Criança. Combinei tudo com o Lucas e fomos pra casa arrumar as coisas.
A partir daí era mudar o astral. Minha princesa ia chegar! A decisão foi bem tomada e muito consciente. Agora era fazer a chegada dela ser o mais bela possível e a mamãe aqui ficar com o coração em paz. Coisa boa é o dia do nascimento de um filho! Uma euforia toma conta da gente! Minha empolgação retornou com força total e as dores diminuindo, mas presentes ainda. Avisamos a todos que a minha lindeza ia nascer e o universo começou a conspirar em volta pra dar tudo certo. Tiramos algumas fotos antes de sair de casa. Foi a despedida da barriga.
Chegamos ao HC: eu, Dri, minha mãe, Rebeca, Helinho e Mari (meus irmãos; passamos na casa da minha mãe para pegá-los). Tinha acabado de anoitecer. A internação foi um pouco complicada. Tinha que seguir uns protocolos do SUS porque o atendimento é prioritário do SUS. Depois de muita conversa e leva e traz de papelada, conseguiram me deixar subir com o Adriano. Encontramos com o Lucas e os preparativos pra cirurgia começaram. O hospital estava vazio. Acho que só tinha umas duas mulheres no pré-parto. Todos os enfermeiros/médicos muito atenciosos e gentis.
Logo depois, Winderson (namorado de Mari) e Míriam também chegaram. E um pouco mais tarde, chegaram Eliane, Camilo (meus sogros), Paty, Camila (minhas cunhadas) e Márcia (minha amiga).
Lucas saiu e voltou dizendo que a família buscapé já estava toda lá fora. kkkk Ele colocou todos pra dentro. rsrs Disse que conseguiu permissão pra dois acompanhantes ficarem comigo no bloco. Os outros ficariam no hall de entrada, no andar da maternidade. Escolhi Dri e Rebeca. Antes da cirurgia, Míriam entrou um pouco. Como a presença dela me faz bem!
Fomos pro bloco e eu querendo falar com a pediatra de todo jeito. Umas três se apresentaram como pediatras. Duas deviam ser residentes. Cada uma que chegava eu dizia que não queria que pingasse nitrato de prata na Kyara. Rebeca conversou com as enfermeiras pra deixar a luz baixa durante a cirurgia. Deixar só o foco aceso. Adriano tirava fotos e me dava todo carinho e apoio. Pedi pro Lucas para a cirurgia ser sem campo (aquele pano pregado numa espécie de varal que isola totalmente a gente da cena do nascimento). Começamos a conversar com a anestesista e falar sobre doulas, parto humanizado, etc.
Foi a maior dificuldade para aplicar a raqui-anestesia. Foram várias tentativas (depois minhas costas firam cheias de casquinhas-furinhos). O espaço entre minhas vértebras estava muito apertado (acho que era isso). Hoje eu acho que foi meu corpo mesmo que não queria aquela anestesia. Então foi dada a peridural. Na hora na aplicação tive uma sensação péssima. Eu senti meu corpo ficando quente, muito quente, da altura das costas pra baixo. Como se tivessem derramando um balde de lava de vulcão em cima de mim. Eu até reclamei na hora. A anestesista até assuntou. Mas passou logo, graças a Deus! Nunca ouvi ninguém relatar isso.
Depois me pregaram na cruz (como diz o Dri, kkkk, braços abertos, esticados, imóveis) e a cirurgia começou. O clima da sala estava ótimo. Uma penumbra gostosa e conversávamos todos sobre partos. A anestesista ficou admirada em ver uma cesárea sem campo (a 1a da vida dela). No início do papo ela tinha dito que não queria mais filhos, no final depois de tudo que ela ouviu/viu já estava até pensando na hipótese. hehehe
Me senti menos passiva com a peridural e também porque não tinha campo. Eu conseguia, pelo menos, sentir que acontecia alguma coisa: um processo de certa forma. Na cesárea da Mayara foi muito estranho. Eu não sentia absolutamente nada (raqui-anestesia) e com o campo eu nem sabia em que pé estava. Agora eu me sentia parte da cena.
Me senti menos passiva com a peridural e também porque não tinha campo. Eu conseguia, pelo menos, sentir que acontecia alguma coisa: um processo de certa forma. Na cesárea da Mayara foi muito estranho. Eu não sentia absolutamente nada (raqui-anestesia) e com o campo eu nem sabia em que pé estava. Agora eu me sentia parte da cena.
Dri e Rebeca sempre comigo. (Veja o vídeo abaixo) Então o Lucas disse: "Estou com a mão no bumbum dela aqui!"."Vou te incomodar um pouquinho aqui, tá bom?" e deu uma empurradinha na minha barriga para baixo. "Quer levantar a cabeça pra ver?" Minha alegria era enorme! Estava um pouco apreensiva também. Temia Kyara ter que ser levada às pressas sem eu nem ao menos dar um cheiro. Dri ao meu lado e Rebeca filmando. Lucas foi descrevendo a saída dela "Bumbum saindo"; "Líquido nenhum mesmo!"; "Perninha"; "Bracinho"; "Vamo lá! Outro bracinho" "Cordão" "Puxa aqui" "Olha que menininha linda!" Ela saiu e veio direto pra mim. Que glória!!!! Era 21h40. Ficou um pouquinho no meu colo. Eu tentando me livrar daquele tanto de pano e do medidor de pulso preso no dedo. Olhava pra ela super emocionada e não acreditava. Era perfeita! Pequenina (mas nem tanto como imaginava), pouquinho cabelo, um chorinho gostoso. Nasceu como um bebê a termo. Super bem!
A pediatria levou-a para o bercinho ao lado e fizeram aqueles procedimentos horríveis de aspirar e tudo mais. Mas logo trouxeram-na de volta pra mim. Ela ficou um tempinho em cima do meu seio (pele a pele) e eu só admirando e não acreditando que aquilo era possível. Foi muito bom ter esse contato de amor nos primeiros minutos da vida dela. Afinal, as horas e dias subsequêntes não seriam tão fáceis.
Levaram minha pequena direto pro CTI pediátrico, já dentro da incubadora . Depois fiquei sabendo que quando ela passou lá fora, "a família buscapé" toda viu. Ficaram felizes em saber que tudo tinha corrido bem.
Antes de terminar a cesárea rolou um pequeno stress. A pediatra (devia ser a preceptora) veio explicar da "importância" do nitrato de prata (no ponto de vista dela). Eu ainda deitada, sendo fechada e ela fazendo um terrorismo gigante. Ela falou taaaanta coisa absurda do que poderia acontecer com a Kyara se ela não tivesse o bendito pingado nos olhos. E eu calma explicando que ela tinha nascido de cesárea e não precisaria do colírio de forma alguma porque mesmo se eu tivesse os tais microorganismos causadores da doença que o nitrato combate, ela não teve contato com o canal vaginal e etc. Por fim eu desisti de explicar e ela falou, falou, falou. No final ela disse que se não fosse mesmo pra pingar que deveríamos assinar um termo de responsabilidade. Eu disse sorrindo "Nós assinamos!" Ela fez uma cara de desesperada e olhou pro Adriano como que buscando alguém responsável nessa história e ele disse sorrindo "Nós assinamos!". Ela ficou furiosa e saiu. Nós rimos demais! hehehe
Outro fato muito melhor nessa cesárea foi que não tive que ficar em sala de recuperação nenhuma sozinha. Assim que terminou a cirurgia, subi pro quarto. Enquanto Rebeca e Dri trocavam de roupa, Míriam subiu comigo. Eu só pude ver todos da minha família quando eu saí do bloco e passei na sala de espera onde eles estavam. Também já estava tarde e no dia seguinte viriam me visitar melhor. Parei um pouquinho, deitada na maca mesmo. Abracei a todos. Ganhei beijos. Tiramos fotos. Estávamos muito felizes que a cirurgia tinha corrido bem e porque Kyara nasceu bem.
Mais tarde a pediatra veio ao quarto dizer como Kyara estava. Disse que nasceu muito bem com 1,935 Kg e 41 cm. Apgar 8/9. Não precisou entubar nem nada. Estava respirando com ajuda do CPAP apenas. Estava no soro. Não deu nenhuma previsão de alta pra não criar expectativa. Disse que em breve começaria dieta de leite materno pela sonda. Me orientou a procurar o banco de leite do hospital e ordenhar o quanto antes. (Eu já tinha colostro! :)) Disse que eu poderia descer para vê-la de cadeira de rodas, se eu desse conta. Reforçou que eu e Dri temos acesso irrestrito à UTI.
Dri foi lá vê-la e fez um pequeno vídeo na câmera pra eu ver como ela tava. Essa parte de ficar separada do bebê é péssima. :(
Achei a recuperação da peridural muito melhor que da raqui também. Fiquei menos "morta" da cintura pra baixo e recuperei os movimentos bem mais rápido.
Dri, Rebeca e eu ficamos conversando até umas 4h da manhã. Conversamos sobre tantas coisas: nossa infância, tudo que tinha acontecido nos últimos dias e como seria dali pra frente. O clima no quarto era tão bom.
Por fim dormimos de tão cansados, mas logo logo a Beca acordou pra ir embora pra casa. Aí ficamos só eu e Dri e eu definitivamente não consegui descer pra ver Ky. Teria que ficar pro dia seguinte mesmo. :-P
Por fim dormimos de tão cansados, mas logo logo a Beca acordou pra ir embora pra casa. Aí ficamos só eu e Dri e eu definitivamente não consegui descer pra ver Ky. Teria que ficar pro dia seguinte mesmo. :-P