domingo, 24 de julho de 2011

A trajetória de uma lactante nutriz

Desde que me entendo por gente lembro das recomendações de que para o bebê o melhor é o aleitamento exclusivo por 6 meses e prolongado por 2 anos ou mais. Durante a gestação seguia todos os conselhos (hoje sei da ineficiência e até mesmo do prejuízo de alguns) para ter uma amamentação bem sucedida. Aprendi na teoria sobre uma pega adequada, sobre os mitos que envolvem esse momento e tinha muita vontade de amamentar. Era uma grávida tranquila e segura das minhas competências de nutriz. Mas na prática não foi bem assim.

Em 24/08/2006, Mayara chegou realizando o meu sonho de ser mãe. Porém infelizmente só tivemos o primeiro contato efetivo depois de 2h do nascimento. Eu não me informei o suficiente e escolhi um hospital que separa os bebês das mães ao nascer. Nada de contato pele a pele ou mamada na 1a hora. Mas tudo bem, superamos isso até bem demais. Mesmo operada eu consegui sentar e tivemos nossa primeira mamada perfeita (foto ao lado). Eu estava feliz da vida com meu bebê nos braços finalmente. Em casa, o início da amamentação foi tranquilo dentro do possível. Tive fissuras, não sabia muito bem lidar com os ingurgitamentos da descida do leite nos primeiros dias, mas contornei tudo com muita calma, paciência e amor. Mayara mamava esvaziando o seio rapidamente e dormia muito bem pelas próximas 2 a 4 horas. O que atrapalhava um pouco era a preocupação que eu tinha de achar que ela precisava arrotar e a frequência com que regurgitava.

Ela crescia muito saudável, engordava até mais do que era considerado adequado. Porém, aos 3 meses (foto ao lado) a pediatra que nos acompanhava, sabendo que eu voltaria a trabalhar antes dela completar 6 meses, recomendou a introdução de frutas duas vezes ao dia. E depois aos 4 meses, juntamente com um ganho menor de peso (absolutamente normal nessa fase, hoje sei), a introdução de almoço e leite artificial. Cheguei até a me preocupar achando que minha filha já não engordava o recomendado. Fez até exame de urina para investigar uma possível infecção urinária. Puro terrorismo de uma profissional contaminada pela cultura que não acredita na capacidade de mães nutrirem adequadamente seus bebês. E eu mesmo sabendo daquela premissa "para o bebê o melhor é o aleitamento exclusivo por 6 meses e prolongado por 2 anos ou mais" me rendi sem questionar diante da minha insegurança e dos conselhos de uma médica que deveria ser muito mais entendida daquele assunto do que eu.

A frequência das mamadas foi diminuindo. E meu organismo foi ajustando a produção de leite a demanda, ou seja, quase nenhuma. Depois dos 5 meses, era fruta no meio da manhã e no meio da tarde, almoço, jantar e mamadeira de leite em pó a noite. Leite materno passou a ser sobremesa e claro, foi ficando cada vez mais escasso. Um crime! Aos 6 meses aconteceu o desmame. Ela chorava quando colocada ao seio, talvez porque não tivesse leite farto no início da mamada, talvez porque precisaria fazer um pouco de esforço pro leite sair/ produzir, o que não era necessário na mamadeira. Eu na minha ingenuidade interpretei que ela não queria mais mamar e entendi que estaria respeitando sua vontade não insistindo numa prática que serviria apenas para mostrar que eu amamentava as custas de um "sofrimento" dela. Mas que absurdo essa raciocínio meu! Poderia estar acontecendo tanta coisa com ela, ajustes de demanda, saltos de desenvolvimento e o que ela mais precisava era sentir que eu não estava desistindo de nós e estaria ao seu lado para vencermos juntas essa fase turbulenta. Outro fator é que ela usou chupeta desde recém-nascida. O que pode ter atrapalhado os ajustes de demanda no decorrer desse período além de confusão de bicos agravado também pelo uso da mamadeira. Se eu tivesse atentado para esses detalhes importantíssimos e compreendido essa sequencia de equívocos poderia ter revertido tudo e poderíamos continuar nosso processo que estava muito cedo para finalizar.

Quando Kyara, minha segunda filha, nasceu eu já tinha muito mais conhecimento e também experiência, mas novos desafios foram a mim lançados. Passei por uma situação que pouco conhecia e graças a rede de apoio que tive tudo foi/ é maravilhosamente um sucesso.

Ela tinha apenas 32 semanas de gestação quando veio. Chegou muito bem para a idade que tinha. Não precisou de nenhuma intervenção mais invasiva e começou a tomar meu leite pela sonda no dia seguinte. Escolhemos o Hospital das Clínicas da UFMG porque soube que lá tinha banco de leite e enfermaria mãe-canguru (a nossa 1a opção era o Hospital Sofia Feldman, mas a uti neo-natal estava bem cheia). Sabia que essas iniciativas poderiam fazer muita diferença para o sucesso da amamentação para um bebê prematuro. Abri mão dos hospitais particulares cobertos por meu plano de saúde por causa disso. Foi uma das melhores coisas que eu fi. :)

Pois bem, ela nasceu na noite do dia 18/11/2008, de cesariana e no dia seguinte assim que consegui me levantar, logo pela manhã, já fui incentivada por todo profissional de saúde do hospital que encontrava a ir ao Banco de Leite e começar a ordenhar o leite. Foi lá conversei com a enfermeira de plantão e ela me explicou sobre os horários das mamadas (6, 9, 12, 15, 18, 21, 24 e 3h da manhã) e da rotina que havia para oferecer o leite materno nesses horários. Sendo assim, durante o dia, era recomendado que todas as mães fossem ao banco de leite uma hora antes do horário da mamada para ordenhar o leite que os respectivos bebês tomariam em seguida.

Durante todos os dias, todas as mães (ou a maior parte delas) iam ao banco de leite, faziam o ritual de higienização das mãos, colocação dos acessórios (touca, máscara), escolher um vidrinho e uma compressa de pano. Sentávamos numa cadeira colocávamos os seios para fora e ordenhávamos incansavelmente até atingir a quantidade que conseguíssemos. A compressa era usada embaixo dos seios para conter os vazamentos do leite. Depois tampávamos nosso vidrinho (ou mais de um) e o identificávamos orgulhosas com nosso nome, data e horário da coleta. Separávamos a quantidade determinada para nosso bebê (normalmente ordenhávamos mais que o necessário para ser usado nas mamadas da madrugada ou serem doados) e íamos felizes ao encontro deles na uti/cti neonatal dar (pela sonda ou no próprio copinho) pessoalmente nosso amor líquido a eles. :)

Mas nem sempre foi assim. Se me recordo bem, as primeiras "mamadas" da Kyara eram de 10 ml. Lá fui eu tentar minha primeira ordenha. Eu olhava para os lados e via as mulheres encherem seus copinhos. Eu não sabia como fazer. Apertava o peito e nada saía. A enfermeira veio pacientemente me ensinar. Ela conseguiu tirar muito pouquinho. Meu leite não tinha descido ainda. Havia apenas uma quantidade pequena de colostro. Ela e todas as mulheres me olhavam e garantiam que em algumas ordenhas eu estaria produzindo a quantidade que meu bebê precisa e reafirmavam que mesmo que eu não tenha conseguido tudo, o pouquinho que eu conseguia era muito precioso, cheinho de anticorpos e nutrientes. E assim fomos. No terceiro dia eu já conseguia tirar a quantidade adequada e ainda fazer uma parte da reserva pra mamada noturna.

No quarto dia Kyara foi ao seio pela primeira vez. Eu era só emoção. Ela mamou um dos peitos por longos 40 minutos, acoplada, linda, linda, pega perfeita. Aí a produção era mais estimulada ainda. Em pouco tempo eu conseguia fazer estoque pra todas as mamadas noturnas. Sempre ordenhando de 3 em 3 horas durante o dia. A noite eu chegava em casa cansadíssima, depois de mais de 14 no hospital e cheia de dores da cesárea. Mas ia dormir feliz por saber que no dia seguinte encontraria minha caçulinha novamente e passaria o dia todo com ela. Confesso: não via a hora dela receber alta!

Desde o primeiro dia fizemos canguru e era reconfortante. No sexto dia ela saiu do cti e foi pra enfermaria mãe canguru. Me internei novamente pra ficar com ela 24h. E como foi fundamental. Agora, a cada 3 horas era mamar no peito. Meia hora antes eu ordenhava um copinho e depois dava mamá pra ela. Dependendo do tempo da mamada que no nosso caso era muito curto, eu oferecia o copinho depois. A amamentação era lenta porque Kyara não podia vir ao peito que apagava totalmente. Era necessário deixar sem roupa e estimular muito a bochecha e o queixo para ela conseguir mamar um tempo mínimo necessário. Ela dava umas goladas (ainda bem que muito boas sugadas) e cochilava alguns segundos. Ela tinha muito sono por causa da icterícia também, eu acredito. Ai de nós se não fossem aquela enfermeiras abençoadas do banco de leite e da enfermaria mãe canguru que ficavam ali de plantão acompanhando cada mamada a nossa disposição, verificando pega, ajudando a estimular e dando aquela injeção de ânimo que se perdia um pouco em cada dificuldade. Não foi fácil! Tinha dias que eu chorava querendo entender porque aquilo estava acontecendo. Ao mesmo tempo agradecia a Deus por ela estar saudável e pedia que Ele mantivesse minha persistência para eu cuidar dela com todo o amor e dedicação. Eu sofria por nossa família estar separada. Adriano e Mayara em casa. Eu e Kyara no hospital.

No dia que tínhamos a possibilidade de alta, Kyara perdeu 5 gramas. Voltou pra fototerapia. Eu chorei desesperada! Minhas colegas de quarto e as enfermeiras me consolavam. Eu repetia o mantra "vai passar", "na hora certa, vai dar tudo certo". Até que tivemos alta 15 dias depois do nascimento dela. E continuamos em aleitamento exclusivo até ela completar 6 meses de vida.

No início, em casa, eu ficava insegura. Bebê prematuro não pode nem sentir frio que perde peso. Tive dúvidas e acreditava ao mesmo tempo que só meu leite seria suficiente. Tentei não ficar neurótica com esse lance de não poder perder 5g. A pressão era muito grande no hospital porque eles precisavam garantir ou pelo menos aumentar bem as chances dos bebês prematuros continuarem engordando fora de lá. Agora eu estava no meu ninho. Podia acreditar na natureza e na minha capacidade de nutrir meu bebê. A pesei novamente depois de uns dez dias e tive uma grata surpresa. Ela estava engodando acima da média e o mais importante estava feliz e dava sinais de bom desenvolvimento motor. Parei de ficar acordando-a pra mamar de 3 em 3 horas a noite. Ela chegou a dormir cerca de 6 horas seguidas algumas poucas vezes, mas na maioria não passava de 4. Ela foi ficando branquinha de novo. Tomou tanta luz que ficou moreninha e como não estava mais ictérica eu passei a acreditar mais que quando estivesse com fome ela própria acordaria. Depois de um mês e meio mais ou menos o tratamento que eu dava já era o de uma criança normal nascida a termo. Ela confiou em mim e eu confiei nela. Curtimos muiiiiito minha licença maternidade. Ela mamava o dia todo, quase que de hora em hora. Nunca usou chupeta. Só dormia bem durante o dia comigo junto. Lambi bastante minha cria. Que saudade de ter um bbzico em casa e poder me dedicar inteiramente a ele! rsrs

Quando ela estava com 4 meses eu voltei a ordenhar leite e passei a treinar estocar e também dar leite pra ela. Mas comigo dando não funcionou de jeito nenhum.. hehe. Eu voltei a trabalhar quando fez 5 meses e usei esse um mês para tentar treinar como seria na minha ausência: Qual era a minha produção e qual a quantidade e frequência do estoque que eu teria que fazer para atingirmos a recomendação de 6 meses de aleitamento exclusivo.

Confesso que não foi fácil. Trabalhar 40h por semana, administrar casa, família e ainda fazer estoque de leite materno. A minha "sorte" é que fui muito bem treinada quando estávamos internadas e força de vontade é que não me falta. Com o estoque que eu consegui fazer 15 dias do meu retorno ao trabalho, a ordenhas seguintes eram mais pra repor. Eu conservava um dos seios durante a noite. Se a Kyara acordasse (acontecia de uma a duas vezes a noite) eu dava sempre o mesmo peito. Para o outro encher. Meus peitos sempre foram murchos e o leite só era produzido enquanto ela mamava. De manhã, eu tirava uns 150 ml do peito preservado na noite. Na hora do almoço eu tirava de um a dois copinhos e dava o peito pra ela tb. E no fim do dia a mesma coisa. Só que aí eram umas 3 ou 4 mamadas até ela dormir. E assim o 6o mesversário dela chegou voando. Comemoramos muito mais essa vitória.

Ela começou a comer super bem e é super gulosinha. Eu continuei mandando leite materno pra escola até ela ter uns 8 meses. Ela fazia todas as refeições normais e quando era hora dos outros bebês tomarem leite de vaca, ela tomava o meu. Sempre adorou frutas e comida. Não rejeita nada. Hoje (2a8m) mama uma vez por dia e as vezes não mama nenhuma vez. No fim de semana se temos contato com bebês que mamam ela pede pra mamar mais. Rsrs Muito apaixonada com o mamá e super independente em tudo. Estamos felizes assim e não temos data para terminar nossa "lua de leite". É meu chicletinho, tá certo! Resultado do nosso vínculo construído com muito amor, carinho e paciência e na superação das nossas dificuldades! :)


Ah, quando eu fiquei grávida da Kyara, Mayara tinha 1 ano e 9 meses e voltou a pedir pra mamar. Não sabia o que fazer com a boquinha no peito. Ficava paradinha só no contato pele a pele.. rsrs. Depois que a irmã nasceu ela reaprendeu. Chegou a dar uma mamadas. Hoje quando perguntam pra ela se ainda mama, ela responde "De vez em quando!" E tem o maior orgulho de dizer isso mesmo tendo uns bons meses que ela não pediu mais. :)

Agradecimentos:

A Deus por me abençoar todos os dias, enchendo minha vida de luz, perseverança e confiança. Por alimentar meu otimismo, persistência e me ajudar a superar os obstáculos com tranquilidade e paciência.

A minha família por estar sempre ao lado. Apoiando e me trazendo momentos de felicidade.
A minha mãe por me amar e respeitar minha escolhas. Por seguir minhas recomendações quando cuida das meninas. Pela paciência em manipular o leite materno e dar a Kyara enquanto eu trabalhava, antes dela ter 6 meses.
Ao Dri por ser mais do que um dia eu sonhei. Marido, namorado, parceiro, cúmplice, ídolo e fã. :)
As minhas filhas por me ensinarem diariamente a ser uma mãe melhor. Por me amarem e terem escolhido nascer em nossa família.

A minha doula Rebeca. Amiga de anos que reencontrada depois do nascimento da Mayara e que teve/tem uma participação importantíssima na reviravolta que dei em minha vida, passando a ser uma mulher e uma mãe mais mamífera.
A Míriam (minha enfermeira obstetra e amiga) por todo apoio desde a gestação e por ter dado a dica do hospital onde Kyara nasceu. Foi imprescindível termos acesso ao Banco de Leite e ao Método Mãe-Canguru. Minhas reverências a todos os profissionais que me acolheram naquela instituição.
A todas mulheres ativistas e profissionais que passaram / passam no meu caminho e constituem uma Rede de Apoio fundamental para nossa superação diária em nossos ciclos de gestação, parto, amamentação e maternagem.

Ainda hoje quando olho nos olhos da Kyara mamando me lembro emocionada de como foi o início e devo tudo isso a todos vocês! :) :'(

sexta-feira, 12 de novembro de 2010

Dois anos! Já!

A vida é interessante! :)

Hoje faz 2 anos que minha bolsa rompeu. Foi a única vez que uma bolsa minha rompeu. Na gestação da Mayara, a bolsa foi rompida na cesárea eletiva que tivemos há pouco mais de 4 anos. Não tive uma mísera contração e as desculpas para a cirurgia foram falta de dilatação, placenta velha, ultrassom suspeito. O motivo mesmo todos nós conhecemos: sofrimento obstétrico do nosso sistema de saúde. E também da nossa sociedade! Nem dá pra saber quem causou o sofrimento do outro. É um ciclo alimentado pela desinfomação, pelo excesso de tecnologia e pelo medo. Na gestação da Kyara eu teria a chance de viver tudo de forma mais natural. Acabou que só o rompimento da bolsa foi natural. A partir daí foram exames, monitoramento, medicamentos, terminando em mais uma cirurgia. (Continuo sem uma mísera contração.. rsrs) Claro, essa totalmente diferente da primeira. Mas cirurgia é sempre uma cirurgia e no caso de um nascimento, com o agravante de significar um não-parto.

Engraçado que há um ano, relatei aqui blog como foi o nascimento da Kyara. A cada dia (começando do dia 12) eu contava como tinha sido o mesmo dia no ano anterior. Foi bem legal fazer o relato assim. Foi emocionante e ao mesmo tempo doído. Eu escrevia com uma vontade de ainda querer voltar no tempo e ter o poder de mudar a trajetória das coisas. Foi importante para reafirmar que mudar tudo é bem improvável, mesmo que tivéssemos a chance de voltar, porque muito pouco depende só do nosso querer. Os fatos pelos quais somos submetidos são uma conjunção de outros fatos que acontecem no universo, dentre eles os provocados por nós mesmos. Sim, eu poderia mudar algumas (poucas) coisas, mas nunca saberemos se o caminho tomado a partir delas ia alterar o resultado final ou criar resultados mais desfavoráveis. (Já viram o filme Efeito Borboleta?). Até poucos dias atrás eu ainda tinha essa sensação! De querer que a Kyara nascesse de novo e diferente.

Hoje quando me toquei que era o dia 12 não senti isso. Não sinto mais isso! Me curei completamente dessa 2a cesárea? Eu respondo que sim. A gente prega cada peça na gente mesmo né!? Da cesárea da Mayara eu só me curei quando escrevi o relato (20 meses depois) e com os comentários e reflexões que se encadearam. Agora, tenho a sensação que no ano passado, a escrita daquele relato (da Kyara) foi a tentativa de me curar também. Claro, abriram vários horizontes, mas ainda não tinha terminado. Engraçado mais ainda que só minha amiga Malu fez um comentário aqui sobre o relato (na época) que não entendi. Ela disse "Ai Polly, Histórias tão iguais, pq parir pode ser tão difícil, não é amiga? Demora para cicartizar, mas temos a maternidade, e esta se apresenta com infinitas possibilidades." Quando eu li isto eu pensei "Por que ela está dizendo isso? Demora pra cicatrizar? Uai, será que ela acha que não estou cicatrizada!? Mas já estou cicatrizada!" Ledo engano! Não estava ainda! ;) E ela tem toda razão, a maternidade se apresenta com infinitas possibilidades! São essas infinitas possibilidades que trazem a cura! É o tempo! Somente ele! Eu sei que a elaboração não terminará nunca e acho bom que seja assim. Sempre teremos novas perspectivas das coisas. Ainda é assim no caso do nascimento da Mayara, mas parou de doer. E agora parou de doer a não-parida no nascimento da Kyara também.

Considero fundamental entender o máximo possível o motivo de tudo ter acontecido daquele jeito, mas no final a gente entende que não existe culpa. Cheguei a sentir no caso da Mayara, me sentia culpada e sofria por ter me deixado enganar. No caso da Kyara, nunca senti culpa, mas sentia dor (sem sofrimento), um aperto no peito de querer que tudo tivesse sido diferente. A diferença nos dois casos é que no segundo eu protagonizei a experiência e não me senti conduzida, mas conduzindo. É assim que se evita o sofrimento. Existiu a dor de não ter parido, mas existe a alegria de ter feito tudo o que a Polly daquele momento podia fazer. "A dor é inevitável. O sofrimento é opcional. Não podemos evitar a dor, mas podemos evitar a alegria" (You gotta keep dancin, de Tim Hansel).

quarta-feira, 18 de novembro de 2009

O grande dia - 7º dia

ATENÇÃO: Leia primeiro o 6º dia

Preparem-se! Nesse dia 18 de novembro de 2008 muita coisa aconteceu. Não consegui escrevê-lo todo hoje. Estou exageradamente cansada. Um pouco de sensação de um ano atrás.

Acordamos ainda esperançosos que tudo poderia mudar. Estava bebendo mais água ainda e tentava ficar mais quieta. Mas com as dores era impossível. Essas dores atrapalharam muito meu repouso. Cada acocorada que eu dava, era um fluxo de líquido que saía.

Rebeca e minha mãe deram uma geral lá em casa. Arrumaram/limparam tudo. Cuidaram da enorme trouxa de roupa suja. Rebeca resolveu um monte de coisa pra mim. Minha mãe lavou as roupinhas da Kyara. Eu não tinha cabeça pra nada. As duas cuidaram muiiiito de mim. Bastava eu pensar em alguma coisa que elas traziam pra mim.

Consegui conversar com Quésia pra fazer o US hoje. (Estava marcado pra amanhã. Lembram?).

Adriano foi trabalhar de manhã e voltaria pra almoçar conosco e irmos fazer o US.

Eu estava cansada e com sono. Rebeca me fez uma massagem tão maravilhosa que eu apaguei. Ainda hoje me emociono com o carinho todo que recebi dela. Com o toque de paz que ela me proporcionava. Foi fundamental essa rede de apoio que eu tinha ao meu lado.

Durante todos esses dias compartilhávamos tudo que acontecia com vários profissionais que conhecemos pelo Brasil a fora. Muitos elogiavam a conduta. Diante do quadro, a cesárea era mesmo indicada.

Mas eu não ia me render a ela tão facilmente assim. Precisava ter certeza mesmo que não havia mais nada a fazer. Olhava pra Rebeca com a pergunta nos olhos: "Vai ter que ser cesárea mesmo?" e ela me respondia com os olhos: "Não vejo outra saída. Queria que acontecesse um milagre!"

Tomei a eritromicina por volta de 6h e depois não tomei mais. Almoçamos e fomos encontrar com Quésia. Dri e Rebeca, meus fiéis escudeiros! rsrs Fui no carro sentindo dores. Esperamos o horário do US com dores. Quando estava perto da hora de entrar, as dores estavam mais leves. (Era a danada da eritromicina mesmo! O efeito dela estava acabando..). A moça chamou meu nome. Agora é a hora do vai ou racha! Entramos todos.

Quésia passava o aparelho de US na minha barriga e eu torcia por uma boa notícia. Avaliou tudo e ia dizendo que estava bem (como das outras vezes). Sei que ela já tinha olhado o ILA mas penso que queria olhar várias vezes antes de dizer alguma coisa. Até que "Os quatro quadrantes estão praticamente secos" "Tem um pouquinho de líquido aqui" "0,9".

Perguntei pra Quésia o que ela achava. Ela olhou pra mim com uma carinha triste e querendo me consolar ao mesmo tempo. Olhei no olhos dela e antes que ela dissesse que era melhor eu conversar com o Lucas eu disse "Me diga o que você faria se fosse você! Ou se fosse uma paciente sua! Me diga como amiga!". Ela disse balançando a cabeça vagarosa e afirmativamente "Cesárea". Eu já sabia que ela diria isso. Olhei pro Dri e pra Rebeca e não precisamos dizer mais nada.

Saí da sala sentindo dores ainda. Liguei pra Míriam e contei tudo. Ela me tranquilizou e me sugeriu fazer a cesa no Hospital Clínicas. (A idéia anterior era o Vila da Serra, pois o Sofia estava lotado). Então ela contou que já trabalhou lá e que lá tem Banco de Leite e Mãe Canguru. Isso seria muito importante pra nós. Eu poderia fazer a internação toda pelo meu plano de saúde. Adriano ficaria comigo no apartamento. Teríamos um conforto e estaríamos num hospital Amigo da Criança. Combinei tudo com o Lucas e fomos pra casa arrumar as coisas.

A partir daí era mudar o astral. Minha princesa ia chegar! A decisão foi bem tomada e muito consciente. Agora era fazer a chegada dela ser o mais bela possível e a mamãe aqui ficar com o coração em paz. Coisa boa é o dia do nascimento de um filho! Uma euforia toma conta da gente! Minha empolgação retornou com força total e as dores diminuindo, mas presentes ainda. Avisamos a todos que a minha lindeza ia nascer e o universo começou a conspirar em volta pra dar tudo certo. Tiramos algumas fotos antes de sair de casa. Foi a despedida da barriga.

Chegamos ao HC: eu, Dri, minha mãe, Rebeca, Helinho e Mari (meus irmãos; passamos na casa da minha mãe para pegá-los). Tinha acabado de anoitecer. A internação foi um pouco complicada. Tinha que seguir uns protocolos do SUS porque o atendimento é prioritário do SUS. Depois de muita conversa e leva e traz de papelada, conseguiram me deixar subir com o Adriano. Encontramos com o Lucas e os preparativos pra cirurgia começaram. O hospital estava vazio. Acho que só tinha umas duas mulheres no pré-parto. Todos os enfermeiros/médicos muito atenciosos e gentis.

Logo depois, Winderson (namorado de Mari) e Míriam também chegaram. E um pouco mais tarde, chegaram Eliane, Camilo (meus sogros), Paty, Camila (minhas cunhadas) e Márcia (minha amiga).

Lucas saiu e voltou dizendo que a família buscapé já estava toda lá fora. kkkk Ele colocou todos pra dentro. rsrs Disse que conseguiu permissão pra dois acompanhantes ficarem comigo no bloco. Os outros ficariam no hall de entrada, no andar da maternidade. Escolhi Dri e Rebeca. Antes da cirurgia, Míriam entrou um pouco. Como a presença dela me faz bem!

Fomos pro bloco e eu querendo falar com a pediatra de todo jeito. Umas três se apresentaram como pediatras. Duas deviam ser residentes. Cada uma que chegava eu dizia que não queria que pingasse nitrato de prata na Kyara. Rebeca conversou com as enfermeiras pra deixar a luz baixa durante a cirurgia. Deixar só o foco aceso. Adriano tirava fotos e me dava todo carinho e apoio. Pedi pro Lucas para a cirurgia ser sem campo (aquele pano pregado numa espécie de varal que isola totalmente a gente da cena do nascimento). Começamos a conversar com a anestesista e falar sobre doulas, parto humanizado, etc.

Foi a maior dificuldade para aplicar a raqui-anestesia. Foram várias tentativas (depois minhas costas firam cheias de casquinhas-furinhos). O espaço entre minhas vértebras estava muito apertado (acho que era isso). Hoje eu acho que foi meu corpo mesmo que não queria aquela anestesia. Então foi dada a peridural. Na hora na aplicação tive uma sensação péssima. Eu senti meu corpo ficando quente, muito quente, da altura das costas pra baixo. Como se tivessem derramando um balde de lava de vulcão em cima de mim. Eu até reclamei na hora. A anestesista até assuntou. Mas passou logo, graças a Deus! Nunca ouvi ninguém relatar isso.

Depois me pregaram na cruz (como diz o Dri, kkkk, braços abertos, esticados, imóveis) e a cirurgia começou. O clima da sala estava ótimo. Uma penumbra gostosa e conversávamos todos sobre partos. A anestesista ficou admirada em ver uma cesárea sem campo (a 1a da vida dela). No início do papo ela tinha dito que não queria mais filhos, no final depois de tudo que ela ouviu/viu já estava até pensando na hipótese. hehehe

Me senti menos passiva com a peridural e também porque não tinha campo. Eu conseguia, pelo menos, sentir que acontecia alguma coisa: um processo de certa forma. Na cesárea da Mayara foi muito estranho. Eu não sentia absolutamente nada (raqui-anestesia) e com o campo eu nem sabia em que pé estava. Agora eu me sentia parte da cena.

Dri e Rebeca sempre comigo. (Veja o vídeo abaixo) Então o Lucas disse: "Estou com a mão no bumbum dela aqui!"."Vou te incomodar um pouquinho aqui, tá bom?" e deu uma empurradinha na minha barriga para baixo. "Quer levantar a cabeça pra ver?" Minha alegria era enorme! Estava um pouco apreensiva também. Temia Kyara ter que ser levada às pressas sem eu nem ao menos dar um cheiro. Dri ao meu lado e Rebeca filmando. Lucas foi descrevendo a saída dela "Bumbum saindo"; "Líquido nenhum mesmo!"; "Perninha"; "Bracinho"; "Vamo lá! Outro bracinho" "Cordão" "Puxa aqui" "Olha que menininha linda!" Ela saiu e veio direto pra mim. Que glória!!!! Era 21h40. Ficou um pouquinho no meu colo. Eu tentando me livrar daquele tanto de pano e do medidor de pulso preso no dedo. Olhava pra ela super emocionada e não acreditava. Era perfeita! Pequenina (mas nem tanto como imaginava), pouquinho cabelo, um chorinho gostoso. Nasceu como um bebê a termo. Super bem!




A pediatria levou-a para o bercinho ao lado e fizeram aqueles procedimentos horríveis de aspirar e tudo mais. Mas logo trouxeram-na de volta pra mim. Ela ficou um tempinho em cima do meu seio (pele a pele) e eu só admirando e não acreditando que aquilo era possível. Foi muito bom ter esse contato de amor nos primeiros minutos da vida dela. Afinal, as horas e dias subsequêntes não seriam tão fáceis.

Levaram minha pequena direto pro CTI pediátrico, já dentro da incubadora . Depois fiquei sabendo que quando ela passou lá fora, "a família buscapé" toda viu. Ficaram felizes em saber que tudo tinha corrido bem.

Antes de terminar a cesárea rolou um pequeno stress. A pediatra (devia ser a preceptora) veio explicar da "importância" do nitrato de prata (no ponto de vista dela). Eu ainda deitada, sendo fechada e ela fazendo um terrorismo gigante. Ela falou taaaanta coisa absurda do que poderia acontecer com a Kyara se ela não tivesse o bendito pingado nos olhos. E eu calma explicando que ela tinha nascido de cesárea e não precisaria do colírio de forma alguma porque mesmo se eu tivesse os tais microorganismos causadores da doença que o nitrato combate, ela não teve contato com o canal vaginal e etc. Por fim eu desisti de explicar e ela falou, falou, falou. No final ela disse que se não fosse mesmo pra pingar que deveríamos assinar um termo de responsabilidade. Eu disse sorrindo "Nós assinamos!" Ela fez uma cara de desesperada e olhou pro Adriano como que buscando alguém responsável nessa história e ele disse sorrindo "Nós assinamos!". Ela ficou furiosa e saiu. Nós rimos demais! hehehe

Outro fato muito melhor nessa cesárea foi que não tive que ficar em sala de recuperação nenhuma sozinha. Assim que terminou a cirurgia, subi pro quarto. Enquanto Rebeca e Dri trocavam de roupa, Míriam subiu comigo. Eu só pude ver todos da minha família quando eu saí do bloco e passei na sala de espera onde eles estavam. Também já estava tarde e no dia seguinte viriam me visitar melhor. Parei um pouquinho, deitada na maca mesmo. Abracei a todos. Ganhei beijos. Tiramos fotos. Estávamos muito felizes que a cirurgia tinha corrido bem e porque Kyara nasceu bem.

Mais tarde a pediatra veio ao quarto dizer como Kyara estava. Disse que nasceu muito bem com 1,935 Kg e 41 cm. Apgar 8/9. Não precisou entubar nem nada. Estava respirando com ajuda do CPAP apenas. Estava no soro. Não deu nenhuma previsão de alta pra não criar expectativa. Disse que em breve começaria dieta de leite materno pela sonda. Me orientou a procurar o banco de leite do hospital e ordenhar o quanto antes. (Eu já tinha colostro! :)) Disse que eu poderia descer para vê-la de cadeira de rodas, se eu desse conta. Reforçou que eu e Dri temos acesso irrestrito à UTI.

Dri foi lá vê-la e fez um pequeno vídeo na câmera pra eu ver como ela tava. Essa parte de ficar separada do bebê é péssima. :(

Achei a recuperação da peridural muito melhor que da raqui também. Fiquei menos "morta" da cintura pra baixo e recuperei os movimentos bem mais rápido.

Dri, Rebeca e eu ficamos conversando até umas 4h da manhã. Conversamos sobre tantas coisas: nossa infância, tudo que tinha acontecido nos últimos dias e como seria dali pra frente. O clima no quarto era tão bom.

Por fim dormimos de tão cansados, mas logo logo a Beca acordou pra ir embora pra casa. Aí ficamos só eu e Dri e eu definitivamente não consegui descer pra ver Ky. Teria que ficar pro dia seguinte mesmo. :-P

terça-feira, 17 de novembro de 2009

O veredicto - 6º dia

ATENÇÃO: Leia primeiro o 5º dia

Há um ano, numa hora dessas eu sentia muiiiita dor. Dia 17/11/2008, segunda-feira.

Precisava repetir os exames laboratoriais. Combinei de pegar os pedidos de exame na clínica que o Lucas atende. Colher sangue e urina no laboratório e ir ao Sofia pro Lucas me avaliar.

Não via a hora de chegar. Cheguei lá e fiquei um pouco na Casa de Parto. Aquela paz de lugar. Até que conseguimos falar com o Lucas. Adriano sempre do meu lado todos esses dias, com toda calma e paciência. Me dando amor, apoio e carinho o tempo todo. Assustado por não conseguir aliviar minhas dores.

Enquanto esperávamos o Lucas na anti-sala grande (entrada do hospital) eu ficava em mil posições. A maioria do tempo de cócoras e inclinada pra frente. Todos olhavam e deviam pensar que eu estava em trabalho de parto. (Bem que podia ser!).

Entramos pra sala de US. Lucas trouxe outro médico colega dele. Olha aqui e ali e não acha praticamente nada de líquido. Nada de bolsões. O ILA total era menor que 2. Senti que o Lucas ficou bem preocupado. E assim veio a indicação: "Vamos precisar fazer a cesárea!" Aquilo entrou na minha cabeça como um tiro de canhão! "É um pesadelo!", eu pensei.

Perguntei como estava o resto. Estava tudo bem, mas tinha pouco líquido demais. Poderia ter uma compressão silenciosa do cordão. Perguntei se havia alguma possibilidade de indução e ele desaconselhou. Bebê pélvico, prematuro, sem líquido. E eu com uma cesárea prévia. Ele considerava a cesárea mais segura.

Eu perguntei se ele achava que a Kyara iria precisar de UTI e ele disse que sim. Foi ai que eu desabei!! Chorei, chorei!

Eu sentia tanto por ter sido separada da Mayara nos primeiros instantes da vida dela. E com Kyara? Como ia ser!? Seria arrancada também e levada imediatamente? Não é possível que seria pior agora que da outra vez! Depois de desejar, planejar, buscar tudo de melhor que pode existir pra um nascimento.

De um momento pro outro começaram as combinações de em qual maternidade seria. Eu iria em casa pegar as coisas e nos encontraríamos lá. OPA! Pára tudooo!!

Falei com o Lucas que preferia que fosse no Sofia então. Porque lá saberia que ficaria o menor tempo possível longe da minha pequena e o atendimento meu e dela seria o mais respeitoso possível.

Ele saiu pra olhar se tinha vaga pra mim e na UTI pra Kyara. Enquanto isso eu peguei o telefone e liguei pra Rebeca, aos prantos! Ela começou a chorar também. Não sabíamos o que pensar e como me safar daquilo. Só se o tempo voltasse. Ela disse que tava vindo pra BH naquele instante e me ligava de volta pra saber onde ia me encontrar.

Liguei pra Míriam e ela toda atenciosa me dizia pra conversar com calma. Ver direito quais são as opções. Se precisaria da cesárea assim de urgência mesmo. Falou pra eu me tranquilizar e conversar com o Lucas direito que tudo de melhor iria ser decidido.

Adriano me ouvia chorando ao telefone e ficava sem saber o que fazer. Quando desliguei ele disse: "Polly, não precisa ser esse desespero todo! Vamos pra casa! Pensamos com calma no que vamos fazer!" Eu não poderia ter ouvido coisa melhor naquele dia! Agradeci a Deus pelo o Dri existir e ser como é. Ele não lida bem com imprevistos! hehehe Prefere tudo conversado/esquematizado. rsrsrs

Quando o Lucas voltou parece que até ele tomou um pouco ar e se despreocupou um pouco. rsrs Voltou mais tranquilo também. Eu me acalmei. As palavras do Dri me trouxeram de volta ao planeta Terra. Desde a indicação eu estava em outra dimenssão! Transtornada!

A conversa fluiu melhor. Lucas concordou como nossa decisão de ir pra casa, dormir, descansar e decidir. Disse que de quarta não podia passar, pois o risco aumentaria cada dia mais. Eu perguntei se poderia fazer outro US no dia seguinte. Quem sabe o quadro melhoraria. Ele disse que sim.

Nós fomos embora! Mas com a sensação e que a sentença já tinha sido dada! O desfecho já estava traçado! Era só uma questão de tempo. Eu tentava manter o pensamento de confiar em mim, nos meus instintos e ter a máxima certeza que eu estava fazendo tudo que eu pudesse. Não podia me deixar levar por nenhuma súbita decisão que me fizesse lamentar mais tarde. Ficava pensando, tentando achar uma saída daquele labirinto. Eu já nem sei mais o que eu queria que acontecesse. Um milagre? Sim. Mas nem sei que milagre eu queria que acontecesse. Eu queria abrir os olhos e acordar daquele drama.

Rebeca chegou no meio da madrugada, debaixo de muita chuva. Deixamos pra conversar no dia seguinte.

Eu continuava sentindo muiiiiitas dores. Tinha que deitar e ficar imóvel.

Foi uma noite looooonga. Às vezes eu ficava reparando se a Kyara estava mexendo. Colocava a mão na cabeça dela e sentia se ela tinha alguma reação. Eu fiz isso todos os dias de bolsa rota, mas naquele dia era como se eu quisesse uma resposta. A resposta para a pergunta que o Sandro me orientou a fazer.

PS: Também não tem foto deste dia. :(

AGORA leia o 7º dia

segunda-feira, 16 de novembro de 2009

Trabalho de parto psicológico? - 5º dia

ATENÇÃO: Leia primeiro o 4º dia

No domingo eu acordei com aquele mesmo incômodo. Parecia que era dor de barriga, mas eu ia ao banheiro normalmente. Ainda mais bebendo tanta água (uns 4-5 litros por dia). Meu intestino funcionava muito bem. Muito melhor do que o meu normal (tenho intestino preso). Será que era reação da eritromicina?

De tarde a dor começou a apertar muito. Uma dor forte na barriga toda desde abaixo do esterno até próximo do intestino. Uma dor diferente que nunca senti. Ao mesmo tempo que parecia ser dentro da barriga, era fora. Pensamos em várias hipóteses: gases? intestino preso? azia? gatorade demais? sei lá. Cheguei a tomar luftal, mas não resolvia. Tomei buscopan também, mas ajudava muiiito pouco.

A dor começou a ficar muiiiiiito forte. Muita gente achou que podia ser trabalho de parto. Eu torcia pra ser. Pelo menos assim me entregava àquela dor e pronto ia curtir minhas contrações. Mas eu não tinha contrações. Só as normais de Braxton Hicks (contrações indolores que podem começar desde a metade da gestação) que aconteciam vez ou outra. A dor era contínua.

De domingo pra segunda quase morri. Gente, vocês não tem noção. Doía demaaaaais. E olha que não sou fresca. Meu limiar de dor é muiiiito alto comparado com outras pessoas. Não tinha posição. Dor forte, contínua, sem motivo. Ninguém merece! Como eu quis que fosse TP! Pelo menos seria um motivo. Eu levantava, acocorava, ficava no chuveiro debaixo da água quente. Os movimentos pareciam me distrair da dor. No chuveiro aliviava bastante (Míriam até me emprestou a banqueta de cócoras pra eu ficar horas debaixo do chuveiro sentada). Massagens nas costas também era bom. Nas costas mesmo. Não precisava ser na lombar. Enfim, eu estava numa espécie de TP sem ter contração. Foi inexplicável.

Na bula da eritromicina tem umas reações dessas [as reações adversas mais freqüentes dos preparados de eritromicina são as gastrintestinais (por ex.: cólicas abdominais e mal-estar)], mas ninguém que eu conversei tinha visto algo tão forte. E minha dor não era só no intestino. Era na barriga toda desde logo abaixo do esterno. Acho que juntaram as duas coisas: eritromicina + vontade de sentir um TP. Tamanha era a vontade de sentir dor, que ela veio...

PS: Neste dia não tirei foto. Nem lembrei disso, tamanho era o desatino.

AGORA leia o 6º dia

domingo, 15 de novembro de 2009

A situação melhorou e piorou ao mesmo tempo - 4º dia

ATENÇÃO: Leia primeiro o 3º dia

Rebeca veio de Divinópolis me ver. Chegou de tarde. Logo depois a Míriam. Me avaliou e tudo bem. :)


A noite fomos ao Odilon para o Dr. Sandro fazer um ultra-som. Ele foi muito gentil em me atender lá. Míriam quem pediu. Precisávamos ter uma noção de como estava o líquido. Se eu não conseguisse fazer o US hoje, pelo menos uma cardiotocografia precisaria fazer. Iríamos ao Sofia. Já tinha outro US agendado com Quésia para quarta-feira.

A situação melhorou e piorou ao mesmo tempo. Melhorou porque eu tinha mais líquido. O ILA deu 3,7. Mas piorou porque eu não tinha mais um bolsão de 2. Esses 3,7 estavam distribuídos em 2 quadrantes e cada um ficava entre 1,7 ou 1,9. Ela continuava pélvica. Os outros parâmetros normais como no US anterior. Perguntei pra ele o que ele achava, mas ele não quis dar nenhum parecer. Disse que o melhor era conversar com o Lucas.

Ele só me disse pra conversar com Kyara e perguntar a ela o que ela queria. Eu entendi que era como se ele estivesse me dizendo para não criar expectativas só minhas, porque talvez eu estivesse desejando algo que ela mesma não quisesse.

Na hora eu pensei: "Mas o que ela pode querer? Penso que o que ela deve mais gostar é estar aqui dentro" "Será que ela mesma já quer nascer?" "Será que está desconfortável pra ela aqui dentro sem líquido?" "Será que ela queria ficar aqui, mas já que a bolsa rompeu, agora ela prefere nascer?" "Escolher a via de nascimento já é demais, né? kkk"

Saímos da maternidade (Dri e eu) e encontramos com Rebeca do lado de fora. Ela tinha ficado esperando porque só deixaram entrar um acompanhante. Contei pra ela tudo que tinha acontecido. A minha sensação era de que tudo estava na mesma. Continuaríamos a mesma conduta.

Iríamos levar Rebeca na rodoviária, mas ela resolveu voltar lá pra casa. No caminho de volta, liguei pra Míriam e contei tudo também.

Antes de entrar no carro comecei a sentir uma coisa estranha no osso esterno, no peito. Era uma dor estranha ou uma azia, não sei.. uma falta de ar.. enfim uma sensação ruim, uma espécie de compressão no peito. Não sei definir muito bem. Parecia ar preso? Sei lá.

Chegamos em casa e conversamos um pouco os três. Rebeca fez umas massagens nos meus pés pressionando um ponto no dedo mindinho para Kyara virar. Sabíamos que a chance disso acontecer sem líquido é muito baixa. Tentamos assistir a um filme sobre partos que o Lucas tinha me emprestado sobre o método Lamaze, mas não conseguíamos parar de conversar e pensar nas opções do que poderia acontecer comigo.

Aos poucos a dor que eu sentia no peito começou a descer e se transformar numa espécie de dor de barriga, cólica, ou sei lá. Bem branda, sutil. Então resolvemos todos dormir.

Mayara foi dormir com minha mãe na casa dela.

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sábado, 14 de novembro de 2009

O buraco fechou ou não tem mais nada pra sair - 3º dia

ATENÇÃO: Leia primeiro o 2º dia

Preciso contar a vocês que estou escrevendo esses posts baseados em tudo que eu tenho guardado: exames, e-mails, históricos de msn e minha própria memória. Agora a pouco lendo os emails que troquei com minhas amigas doulas numa lista bem restrita, me emocionei. Elas me perguntavam se eu estava tranquila e eu respondi:

"Tô muito!! :D Na hora que acontece, a gente fica meio sem saber, mas depois as idéias se acalmam. Cabeça tranquila pra tomar as melhores decisões. ;) Eu estou preparada pra qq coisa!! Desde o início da gestação que estou assim!! :) O que tiver ao alcance da minha vontade, será o melhor! De resto, Deus e a natureza vão tomar o melhor caminho. E estou muito otimista que esse caminho será o mais lindo! :)"

Chorando agora de novo, ao transcrever isso para cá e lembrando do rostinho da minha menina que está deitadinha ali no berço dela dormindo. Lembrando da primeira vez que a vi e lembrando como está agora. Quase um ano depois.. Que caminho lindo minha vida está seguindo!

Desde o início da gestação eu tive essa postura de calma e confiança. Fui uma grávida serena, com pensamentos bons e sonhos para o parto. Ao mesmo tempo sabia que tudo era possível de acontecer e estava em paz com isso. Nada me afligia mesmo com os inúmeros questionamentos. Muitos me avisavam pra não ir com muita sede ao pote (leia-se desejar um parto com tanta voracidade) pois eu podia me frustrar muito. Eu sempre tentava explicar que não ia me frustrar. Eu estava protagonizando minha história com muita garra de acertar. Qualquer que fosse o desfecho seria bem aceito. Pois era o desfecho que eu escrevia. O desfecho que eu precisava. O desfecho certo.

E não é que a história veio provar isso?

Bom, voltando ao dia 14 de novembro de 2008. Uma sexta-feira tranquila. Márcia veio aqui na hora do almoço trazer um abraço, um sorriso, muito otimismo e um notebook emprestado. hehe Pra maníaco-internauta aqui não sair da cama pra nada.. rsrs Tem hora que não resisto uma chegadinha ao computer.. rsrsrs

Ontem e hoje a impressão é que saiu menos líquido. Só fica a dúvida: o buraco diminuiu ou não tem mais nada pra sair!? Incrível o meu bom humor né? kkkk Não acredito que o buraco tenha diminuído, pois ele parece realmente grande, dado o fluxo intenso do primeiro dia. Acho que só parou de entornar tanto líquido por ele porque estou mais quieta.

Resultado da urocultura saiu. Não deu nada.

Míriam veio nos ver de novo. Tudo ok. Mayara já tinha chegado da escola e acompanhou toda a consulta. :)


AGORA leia o 4º dia

sexta-feira, 13 de novembro de 2009

Não foi ruptura alta - 2º dia

ATENÇÃO: Leia primeiro o 1º dia

Cada dia é uma vitória. Dia 13 de novembro de 2008! Completamos 32 semanas e iniciamos o segundo dia da jornada que foi a chegada da minha pequena Kyara. No post de ontem adicionei alguns detalhes do US e corrigi outros.

O post de hoje não será tão grande quanto o de ontem. Foi bem intenso, né? rsrsrs Muitas pessoas me perguntaram onde estava o resto do relato. kkkk Calma gente! Estão sentindo o que é ficar com bolsa rota? Um dia de cada vez! ;)

O primeiro desafio é completar 24h da primeira dose do corticóide, para aumentarem as chances do pulmãozinho da minha linda amadurecer mais. Oba! Primeira etapa cumprida. A segunda, completar 48h da primeira dose do corticóide, ou seja, 24h da segunda dose do corticóide. para as chances aumentarem mais ainda. Vamos lá!

Míriam veio de novo e trouxe a mesma paz e tranquilidade de sempre. Examinou tudo. Tudo bem. Administrou a segunda dose do corticóide. Ficou aqui um tempão. Antes de sair quis auscultar Kyara de novo, mas não conseguia pegar o foco de jeito nenhum. Ficou tentando um tempão e acho que começou até a ficar um pouco preocupada. Eu estava tranquila o tempo todo. Tinha certeza que era só foco difícil mesmo. rsrs Teve uma hora que ela perguntou "Ela tá mexendo, não tá!?" e eu respondi "Tá sim. Viva ela tá!! huahaua" e caímos na gargalhada. Nos descontraímos, mudei de posição e conseguimos ouvir! Tudo muito bem! hehe

Os exames de urina e sangue deram ok. (ficou faltando só urocultura que demora mais) Nenhum sinal de infecção. O motivo da ruptura da minha bolsa é desconhecido. Isso é comum. Passei o dia descansando, lendo e tomando muiiiiito líquido (3 litros é pouco. Líquido jorrando. Não foi ruptura alta. :-P) Mamãe cuidando de mim. Trazendo tudo na minha mão. Mãe é mãe!

Conversei com Kalu no msn e ela me disse "Algumas vezes as coisas não acontecem como imaginamos, mas sempre é como precisamos. Antes de vir a Terra escolhemos nossos desafios e eles servirão para exercitar nossas virtudes. Tudo está certo e sempre está" Ela já tinha me dito isso antes e acho que desde que minha bolsa rompeu, a tranquilidade que chegou foi fruto dessa pensamento. Nada é por acaso.

Expliquei pra Mayara porque não posso pegá-la no colo. Pra compensar trocamos muito carinho na hora dela dormir. Deitadas juntinhas. :)

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quinta-feira, 12 de novembro de 2009

A história mudou de curso - 1º dia

Acordei naquela manhã de quarta-feira com muita vontade de fazer xixi. Antes de abrir os olhos me senti úmida. Pensei: "Fiz xixi na cama". Levantei correndo e fui vazando pelo caminho. "Oh céus! Perdi o controle de segurar xixi!". Sentei no vaso sanitário e saciei a vontade. Levantei e continuei sentindo um morninho descendo. "O que está havendo?". Coloquei o papel higiênico e o senti encharcar. Olhei para o vaso e vi tudo rosado. Olhei o papel e a mesma coisa. Cheirei o papel e constatei. "Tem cheiro de água sanitária! Minha bolsa rompeu! Não pode ser!" Pânico!!!

O desespero tomou conta de mim por alguns instantes. Eu queria que isso acontecesse comigo, mas não agora! "Não quero outra cesárea!" "Mas como assim! Não está na hora de cesárea e nem de nada". Imaginei como Kyara estaria dentro de mim, o que faltaria pra ela se formar. "31 semanas é muito cedo! Ela não está pronta!" Fiquei sem saída. Já imaginei ela nascendo e precisando de mil intervenções. Correndo risco de não sobreviver. "Agora acabou-se!"

Respirei fundo e lembrei da máxima. "Se mãe e bebê estão bem, nada de interromper o processo natural da gestação." Lembrei de quantas vezes eu disse que bolsa rota não é limite para nada. Que não há prazo máximo de bolsa rota. Me acalmei.

Adriano e Mayara ainda dormiam na nossa cama. Ela tinha ido pra lá no meio da noite. Nem sonhavam o drama que já tinha me acometido naquele dia 12 de novembro. (É! Está completando um ano hoje! ;) )

Antes deles saberem, preciso estar bem tranquila e segura. Mando SMS pra Rebeca, minha querida doula. (Doula devia significar cúmplice e não serva). Tive medo de acordá-la. Não aguentei esperar a resposta e liguei. Uma voz doce e tranquila de quem sabe a gravidade da situação, mas ao mesmo tempo está ali para apoiar, estar junto pro que der e vier. Chorei enquanto falava. Ela perguntou o que eu queria fazer. Eu só disse que precisava ser avaliada e ela se ofereceu para ligar para minha querida parteira Míriam (enfermeira obstétra que me assistiria no parto).

Comecei a rotina normal da manhã. Arrumar as coisas pra Mayara ir pra escola, lanchar. Minha idéia era ir trabalhar! Me senti preparada pra ficar vazando por meses! kkkk Uma tranquilidade infinita tomou conta de mim. Eu senti que o que tinha de ser seria e da melhor forma como deveria ser. Tudo na vida tem um propósito.

Rebeca me ligou de volta e disse que Míriam viria me ver em casa. Eu deveria ficar em repouso. Nesse ínterim Adriano e Mayara acordaram e começaram a rotina matinal também. Dri notou que havia algo estranho. Mas achou que era alguma doulanda minha ou da Rebeca que estava em apuros. Era uma doulanda da Rebeca: EU.

Desliguei o telefone, cheguei perto dele e disse "Não precisa se preocupar! Está tudo bem!" Ele arregalou os olhos. Abracei-o e disse que minha bolsa tinha rompido. Ele me olhou daquele jeito como sempre olha quando dou uma notícia inesperada, como que sabendo que eu já tenho uma solução. Penso em tudo! hehe "E aí?" ele perguntou preocupado e calmo ao mesmo tempo.

Eu disse que a bolsa pode ficar rota por muito tempo e que Míriam viria me avaliar. Ele resolveu que não ia trabalhar e esperaria Míriam comigo. Levou Mayara pra escola e voltou logo. Enquanto isso eu liguei para o Dr. Lucas. Ele não se tocou muito que era um rutura prematura de bolsa. Senti pelo tel que ele achou até bom (como se fosse um início dos "trabalhos" rsrs). Perguntei se tinha que tomar algum medicamento e ele disse que não. Eu disse que a Míriam viria me avaliar e combinamos de ligar de volta depois. A ligação foi muito rápida e só depois que desliguei percebi que não tinha falado nada da minha idade gestacional e por isso ele estava estranhamente
muito tranquilo. hehe

O anjo Míriam chegou! Meu coração se encheu mais ainda de paz! Ficou um tempão conosco. E foi assim por todos os dias. Agradecia a Deus por ela existir. Por eu poder ficar em casa e fazer esse monitoramento todo no meu habitat. Queria que todas as pessoas no mundo pudessem ter acesso a esse tipo de assistência à saúde domiciliar. Em todas as fases da vida. Compreendi como isso é importante!

Ela trouxe um espéculo estéril para abrir o canal vaginal e ver lá dentro se tinha algum sinal de dilatação. Não íamos fazer toque pra não correr o risco de contaminar e evoluir pra uma infecção. Ela e o Dri conseguiram ver o colo, usando uma lanterna. Não devia ter nem 1 cm de dilatação. Eu queria ter visto. Pedi pra tirar uma foto, mas com a escuridão que é lá dentro não ia funcionar. Mediu pressão, temperatura, pulso, auscultou Kyara. Consulta completa.

Ligamos pro Lucas e Míriam explicou tudo. Ele me pediu pra fazer exames de urina e sangue para rastrear infecção que costuma ser um motivo pra rutura prematura de membranas. Fazer ultra-som (US). Tomar medicamentos para retardar o início do trabalho de parto e amadurecer o pulmão do bebê. Assim estava decidida uma conduta expectante. Segurar a Ky o máximo possível. Existem muitos casos que a bolsa até fecha e a gestação continua até o fim. Eu estava confiante e surpreendentemente muito tranquila.

Tivemos que contar para a família e colegas de trabalho o que estava acontecendo para justificar nossas faltas no emprego. TODOS ficaram muito preocupados, mas dada nossa tranquilidade ficaram mais confortados. Tenho certeza que muitos pensaram que a Kyara ainda ia nascer naquele dia. No máximo em dois.

Míriam foi comprar os medicamentos e eu fui tentar marcar um US com a Dra. Quésia pelo telefone. Eu não podia fazer US com qualquer um porque sei que o terrorismo seria grande dependendo do resultado. Ela participa da lista Bem Nascer. Outro anjo que Deus mandou pra mim. Eu estava cercada de anjos: marido, doula, parteira, médico obstétra e ultrassonografista. A equipe é tudo mesmo! Não a conhecia pessoalmente e fiquei surpresa e feliz com tamanha disposição em me ajudar. Ela mesma providenciou um pedido do exame, providenciou a autorização no convênio e me encaixou na agenda dela. Quando chegamso lá estava tudo providenciado e a minha espera. Puxa! Deus é bom demais pra mim mesmo.

Míriam administrou a primeira dose de celestone (corticóide). Comecei a eritromicina. Almoçamos e saímos todos. Míriam voltaria no dia seguinte e esperaria minha ligação para contar o resultado dos exames que fossem saindo. Dri e eu fomos à clinica do Lucas buscar os pedidos de exame de sangue e urina e depois para o Hermes Pardini do Lifecenter. Lá faria o US e os exames.

Confesso que fiquei passada ao saber que o ILA (volume do líquido amniótico) estava 3,3. Chorei. Eu sempre soube que o normal é acima de 8 e que abaixo de 5 é crítico. Quésia me explicou que atualmente é considerado normal quando tem pelo menos um bolsão (em um dos quatro quadrantes) maior de 2. Eu tinha um bolsão. Ou melhor, bolsinha. rsrs Três quadrantes completamente secos e os 3,3 em apenas um quadrante. Então estava bom! :) Apresentação pélvica (bebê sentado). Peso estimado de 1850g. Perfil biofísico fetal: 8/8. Oligodrâmnio acentuado. O resto tudo bem: movimentação, bcf, placenta, cordão.

A essa altura eu já tinha tomado mais de 4 litros de água. Ia ao banheiro fazer xixi toda hora e foi bem difícil conseguir higienizar para conseguir colher a urina. Era começar a mexer que dava vontade de fazer xixi.. rsrs Mas eu consegui. Colhi o sangue e fomos pra casa. Sempre dando notícias a todos. Agora era continuar o repouso e morrer de ingerir líquido. :)

AGORA leia o 2º dia

segunda-feira, 19 de outubro de 2009

7 anos!

19/10/2002

Hoje completamos 7 anos de casados. Há 7 anos dissemos sim um para o outro e fomos dividir nossas vidas, de fato! Aprendemos (e continuamos aprendendo) a compreender o outro, a aceitar e a tentar modificar/melhorar o que for possível. A cada dia nosso amor cresce mais e nossa felicidade também. Aprendemos a não deixar para depois. Dizer o que pensamos, sentimos e tentamos contornar os obstáculos. Estamos conseguindo! :)

18/10/2009, de tarde, no clube

Nosso amor foi coroado por duas princesas (quem sabe não virão mais? rsrs) e hoje temos a "nossa família" como diz tão linda a Mayara. De umas semanas pra cá, sempre que nos abraçamos os quatro, ela exclama: "Nossa família!" e meu coração se enche ainda mais de alegria e emoção.

18/10/2009, de manhã, antes de sair do hotel

Esse ano, a comemoração foi 5 estrelas! Sábado fomos para o hotel Ouro Minas e passamos a noite lá! Foi tão bom, mas tão bom!!! Namoramos e descansamos bastante. Tudo foi tão maravilhoso como tem sido nosso casamento (palavras do Dri). Ficamos com saudade das princesas, mas foi fundamental esse tempo para nós! O Dri disse que vai querer comemorar o casamento todo mês! kkkkkk

sexta-feira, 16 de outubro de 2009

Recesso na Escola


Essa semana foi bem corrida. Sempre é! Mas como as meninas estão em recesso na escola, cada dia foi uma novidade.

Na terça-feira, elas ficaram na casa da minha sogra. A Camila e a Duda também estavam de recesso, Anderson e Fran iam embora só no dia seguinte.
Fui lá na hora do almoço para beijá-las um pouquinho. rsrs

Depois do trabalho, fui lá buscar Mayara e Duda pra aula de balé da May (ela está fazendo desde o dia 29/09, toda terça e quinta). Elas fizeram a aula lindas. Pedi pra Duda fazer uma aula experimental.

Depois voltei com elas pra buscar Kyara, encontrar com o Dri (que foi pra lá com o pai dele - ambos trabalham na mesma empresa). Ficamos mais um pouco e fomos embora.

Comecei a ler o livro "Limites sem Trauma", indicação da minha amiga Aninha de Recife. Comprei na FNAC, 5% de desconto e frete grátis, com itaucard. ;)

Na quarta, minha mãe foi lá pra casa e passou a manhã com as meninas. De tarde, Eliane, Anderson e Fran levaram May pra passear e Ky foi com minha mãe pra casa dela. Depois do trabalho, peguei Ky na mamãe, Dri na loja e May na Eliane e fomos ao Filé na Fleming, encontrar com Lidy e Márcia. Lidy nos entregou o convite dela de casamento. Será no dia 7 de novembro. Estou muito feliz por ela está realizando esse sonho! :) Pena que a cerimônia será na cidade dela (Teófilo Otoni) e não poderemos ir. :(

Na quinta, minha tia Cida veio ficar com as meninas. Cheguei em casa e arrumei as meninas pra levar May ao balé. Deixamos minha tia no ponto do ônibus. Ela mora em Mocambeiro (Matozinhos), depois de Pedro Leopoldo.

Hoje, May ficou na Eliane e Ky na mamãe. Graças a Deus é o último dia da semana e a partir da semana que vem, tudo volta ao normal! :)

terça-feira, 13 de outubro de 2009

Fim de semana loooongo :)


Quanta coisa aconteceu desde o dia da 1a postagem.. será mesmo que conseguirei manter esse blog? rsrs Meus dias são tão, mas tão corridos.. Tanta coisa pendente pra fazer.. hehe

Quinta-feira foi aniversário do Anderson (irmão do Dri que mora em Porto Alegre). Ele veio a BH para comemorar conosco. Família toda reunida, petiscos deliciosos, bolo maravilhoso e o parabéns que Mayara e Duda (única prima de May e Ky, 5 anos, filha da Camila, irmã caçula do Dri) adoram cantar. Tudo de bom e mais um pouco. :)

Na Sexta, meu irmão também chegou do Rio (está morando lá desde junho. É tenente engenheiro da Aeronáutica. Chique demaaaaaaiss!! hehe). Fomos a casa da minha mãe e esperamos meu maninho lindo chegar. Mayara acabou dormindo lá, já eu tinha um compromisso na sábado de manhã e ela ficaria lá de qualquer forma. A vovó Eulina faz todas as vontades das netinhas. Babação total da família toda.

Sábado deixei Kyara com minha mãe também e fui a casa da Nalu, minha provável próxima doulanda. Nosso encontro foi muito bom. Adorei conhecê-la. Tenho certeza que terá um parto maravilhoso! E sou grata ao universo se puder estar presente nesse momento tão especial da família.

De tarde fiquei mais um pouco na mamãe. Dri encontrou conosco lá e mais pro final da tarde fomos pra casa descansar um pouco com nossas princesas.

Domingo almoçamos no Jardim de Minas, perto de casa, com minha mãe, Helinho, Mari e Winderson. Mayara brincou bastante na cama elástica. Depois fomos todos a casa da Eliane (minha sogra), pois teve um churrasco lá. Aí sim: família amaralcampi toda reunida!!! :D Conhecemos a Fran (namorada do Anderson), que chegou sábado a noite pra participar de um congresso aqui e aproveitou pra ficar conosco esses dias também. Gostamos muito dela! :D Fran, seja bem-vinda a família!!

Ontem fomos a casa da minha mãe de novo, aproveitar o restinho da presença do Helinho. Almoçamos lá e depois ele foi embora. :( Deve voltar no próximo feriado que está perto, ainda bem!

Enquanto Ky e Dri tiravam um cochilo no quarto da Mari; May, mamãe e eu fomos à Praça da Liberdade pra May passear um pouco, pra Ky dormir sossegada e porque eu tava doida pra tomar um milkshake de ovomaltine do xodó. Elas tomaram sorvete. humm

Voltamos a casa da minha mãe. Os dois já tinham acordado. Fomos embora. Deixei o Dri no Mineirão pro jogo do Galo e fui pra minha sogra. May estava louca pra brincar com Duda.

Lá pelas 17h fui com as três crianças (May, Ky e Duda) pro Parque Guanabara aproveitar o final do dia das crianças. Lá encontramos com Túlia, Thiago, Rebeca (amiguinha da May) e Moisés (amiguinho da Ky). Todos se divertiram muito. Deram muitas gargalhadas.



Na volta passei no Mineirão e peguei Dri, Anderson, Camila e Lilian e voltamos pra sogra. Ficamos mais um pouco e fomos embora. Depois que as meninas dormiram, assistimos a um ótimo filme no Telecine Pipoca: Busca Implacável.

quinta-feira, 8 de outubro de 2009

Início

Quando era criança/adolescente eu tinha diário. Depois de adulta, tentei escrever um blog uma vez, mas não deu certo por falta de objetivo. Eu não sabia se queria escrever só pra mim (privado como um diário) ou para os outros (como são a maioria dos blogs) para compartilhar minha vida. Então desisti.

Hoje, minha amiga Malu de Juiz de Fora pediu dicas de blogs, pois ela há muito queria ter um e agora essa vontade cresceu a ponto de concretizá-la. Então fui ver o que tinha e acabei fazendo esse aqui como teste.

Pretendo colocar aqui o que vier a minha cabeça. Depois eu decido se divulgo ou não. Dei o título de Acontecimentos (lembrei da música da Marina), pois quero relatar o que acontece dentro e fora da minha cabeça. Meu cotidiano e minhas reflexões. Contar fatos e pensamentos. Enfim, acontecimentos de dentro e de fora de mim. Acontecimentos, em todos os aspectos! ;)

* Na foto, eu e Malu, na Roda Bem Nascer, 26/09/2009