quinta-feira, 12 de novembro de 2009

A história mudou de curso - 1º dia

Acordei naquela manhã de quarta-feira com muita vontade de fazer xixi. Antes de abrir os olhos me senti úmida. Pensei: "Fiz xixi na cama". Levantei correndo e fui vazando pelo caminho. "Oh céus! Perdi o controle de segurar xixi!". Sentei no vaso sanitário e saciei a vontade. Levantei e continuei sentindo um morninho descendo. "O que está havendo?". Coloquei o papel higiênico e o senti encharcar. Olhei para o vaso e vi tudo rosado. Olhei o papel e a mesma coisa. Cheirei o papel e constatei. "Tem cheiro de água sanitária! Minha bolsa rompeu! Não pode ser!" Pânico!!!

O desespero tomou conta de mim por alguns instantes. Eu queria que isso acontecesse comigo, mas não agora! "Não quero outra cesárea!" "Mas como assim! Não está na hora de cesárea e nem de nada". Imaginei como Kyara estaria dentro de mim, o que faltaria pra ela se formar. "31 semanas é muito cedo! Ela não está pronta!" Fiquei sem saída. Já imaginei ela nascendo e precisando de mil intervenções. Correndo risco de não sobreviver. "Agora acabou-se!"

Respirei fundo e lembrei da máxima. "Se mãe e bebê estão bem, nada de interromper o processo natural da gestação." Lembrei de quantas vezes eu disse que bolsa rota não é limite para nada. Que não há prazo máximo de bolsa rota. Me acalmei.

Adriano e Mayara ainda dormiam na nossa cama. Ela tinha ido pra lá no meio da noite. Nem sonhavam o drama que já tinha me acometido naquele dia 12 de novembro. (É! Está completando um ano hoje! ;) )

Antes deles saberem, preciso estar bem tranquila e segura. Mando SMS pra Rebeca, minha querida doula. (Doula devia significar cúmplice e não serva). Tive medo de acordá-la. Não aguentei esperar a resposta e liguei. Uma voz doce e tranquila de quem sabe a gravidade da situação, mas ao mesmo tempo está ali para apoiar, estar junto pro que der e vier. Chorei enquanto falava. Ela perguntou o que eu queria fazer. Eu só disse que precisava ser avaliada e ela se ofereceu para ligar para minha querida parteira Míriam (enfermeira obstétra que me assistiria no parto).

Comecei a rotina normal da manhã. Arrumar as coisas pra Mayara ir pra escola, lanchar. Minha idéia era ir trabalhar! Me senti preparada pra ficar vazando por meses! kkkk Uma tranquilidade infinita tomou conta de mim. Eu senti que o que tinha de ser seria e da melhor forma como deveria ser. Tudo na vida tem um propósito.

Rebeca me ligou de volta e disse que Míriam viria me ver em casa. Eu deveria ficar em repouso. Nesse ínterim Adriano e Mayara acordaram e começaram a rotina matinal também. Dri notou que havia algo estranho. Mas achou que era alguma doulanda minha ou da Rebeca que estava em apuros. Era uma doulanda da Rebeca: EU.

Desliguei o telefone, cheguei perto dele e disse "Não precisa se preocupar! Está tudo bem!" Ele arregalou os olhos. Abracei-o e disse que minha bolsa tinha rompido. Ele me olhou daquele jeito como sempre olha quando dou uma notícia inesperada, como que sabendo que eu já tenho uma solução. Penso em tudo! hehe "E aí?" ele perguntou preocupado e calmo ao mesmo tempo.

Eu disse que a bolsa pode ficar rota por muito tempo e que Míriam viria me avaliar. Ele resolveu que não ia trabalhar e esperaria Míriam comigo. Levou Mayara pra escola e voltou logo. Enquanto isso eu liguei para o Dr. Lucas. Ele não se tocou muito que era um rutura prematura de bolsa. Senti pelo tel que ele achou até bom (como se fosse um início dos "trabalhos" rsrs). Perguntei se tinha que tomar algum medicamento e ele disse que não. Eu disse que a Míriam viria me avaliar e combinamos de ligar de volta depois. A ligação foi muito rápida e só depois que desliguei percebi que não tinha falado nada da minha idade gestacional e por isso ele estava estranhamente
muito tranquilo. hehe

O anjo Míriam chegou! Meu coração se encheu mais ainda de paz! Ficou um tempão conosco. E foi assim por todos os dias. Agradecia a Deus por ela existir. Por eu poder ficar em casa e fazer esse monitoramento todo no meu habitat. Queria que todas as pessoas no mundo pudessem ter acesso a esse tipo de assistência à saúde domiciliar. Em todas as fases da vida. Compreendi como isso é importante!

Ela trouxe um espéculo estéril para abrir o canal vaginal e ver lá dentro se tinha algum sinal de dilatação. Não íamos fazer toque pra não correr o risco de contaminar e evoluir pra uma infecção. Ela e o Dri conseguiram ver o colo, usando uma lanterna. Não devia ter nem 1 cm de dilatação. Eu queria ter visto. Pedi pra tirar uma foto, mas com a escuridão que é lá dentro não ia funcionar. Mediu pressão, temperatura, pulso, auscultou Kyara. Consulta completa.

Ligamos pro Lucas e Míriam explicou tudo. Ele me pediu pra fazer exames de urina e sangue para rastrear infecção que costuma ser um motivo pra rutura prematura de membranas. Fazer ultra-som (US). Tomar medicamentos para retardar o início do trabalho de parto e amadurecer o pulmão do bebê. Assim estava decidida uma conduta expectante. Segurar a Ky o máximo possível. Existem muitos casos que a bolsa até fecha e a gestação continua até o fim. Eu estava confiante e surpreendentemente muito tranquila.

Tivemos que contar para a família e colegas de trabalho o que estava acontecendo para justificar nossas faltas no emprego. TODOS ficaram muito preocupados, mas dada nossa tranquilidade ficaram mais confortados. Tenho certeza que muitos pensaram que a Kyara ainda ia nascer naquele dia. No máximo em dois.

Míriam foi comprar os medicamentos e eu fui tentar marcar um US com a Dra. Quésia pelo telefone. Eu não podia fazer US com qualquer um porque sei que o terrorismo seria grande dependendo do resultado. Ela participa da lista Bem Nascer. Outro anjo que Deus mandou pra mim. Eu estava cercada de anjos: marido, doula, parteira, médico obstétra e ultrassonografista. A equipe é tudo mesmo! Não a conhecia pessoalmente e fiquei surpresa e feliz com tamanha disposição em me ajudar. Ela mesma providenciou um pedido do exame, providenciou a autorização no convênio e me encaixou na agenda dela. Quando chegamso lá estava tudo providenciado e a minha espera. Puxa! Deus é bom demais pra mim mesmo.

Míriam administrou a primeira dose de celestone (corticóide). Comecei a eritromicina. Almoçamos e saímos todos. Míriam voltaria no dia seguinte e esperaria minha ligação para contar o resultado dos exames que fossem saindo. Dri e eu fomos à clinica do Lucas buscar os pedidos de exame de sangue e urina e depois para o Hermes Pardini do Lifecenter. Lá faria o US e os exames.

Confesso que fiquei passada ao saber que o ILA (volume do líquido amniótico) estava 3,3. Chorei. Eu sempre soube que o normal é acima de 8 e que abaixo de 5 é crítico. Quésia me explicou que atualmente é considerado normal quando tem pelo menos um bolsão (em um dos quatro quadrantes) maior de 2. Eu tinha um bolsão. Ou melhor, bolsinha. rsrs Três quadrantes completamente secos e os 3,3 em apenas um quadrante. Então estava bom! :) Apresentação pélvica (bebê sentado). Peso estimado de 1850g. Perfil biofísico fetal: 8/8. Oligodrâmnio acentuado. O resto tudo bem: movimentação, bcf, placenta, cordão.

A essa altura eu já tinha tomado mais de 4 litros de água. Ia ao banheiro fazer xixi toda hora e foi bem difícil conseguir higienizar para conseguir colher a urina. Era começar a mexer que dava vontade de fazer xixi.. rsrs Mas eu consegui. Colhi o sangue e fomos pra casa. Sempre dando notícias a todos. Agora era continuar o repouso e morrer de ingerir líquido. :)

AGORA leia o 2º dia

6 comentários:

  1. A história mudou de curso, mas tudo ficou bem no final, não é mesmo maninha?!
    Tenho certeza que toda essa história te fez crescer de alguma forma.
    E graças a Deus tenho esse anjinho liindo(Kyara) pra eu corujar. rsrs

    Beijos!
    Adorei seu blog!

    -Mari

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  2. Oi Polly! Que legal conhecer seu blog, ler seu relato, ver suas fotos! Suas filhas são encantadoramente lindas, acho que nunca te contei, mas sou fã da Kyara, na penúltima roda das Mangabeiras, que eu rui, fiquei ao lado dela um tempão e ela fez um tanto de gracinha pra mim, fiquei apaixonada, hehe!
    Também tenho blog aqui no blogspot, posso te linkar?

    Beijos!

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  3. Oi Polly, estou adorando ler seu relato mas está faltando o final, ou fui eu que não soube acessar?
    Beijos, Renata (mãe do Matheus)

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  4. Oi Mari, ficou tudo bem sim do ponto de vista do nascimento da nossa branquinha, carequinha de olhos azuis! Essa bênção em nossas vidas!!! Só faltou eu parir, né? kkk Depois vou escrever um tópico explicando essa contradição de sentimentos.. rsrsr. Hoje, completando um ano que tudo começou, todas as dificuldades ficam pequenas em comparação a tudo de bom que é nossa vida! hehe Essa história é a minha história e se ela é assim é porque precisava de ser assim. ;) Crescemos muito. Todos! Que bom que gostou do blog! Minha maninha linda!!!! :)

    Maíra, que bom que gostou de conhecer meu blog. Claro que pode linkar. É meio/muito desatualiazido, mas vamos ver.. hehe Kyky é uma fofa mesmo!! Vai treinando.. rsrsrs

    Renata, sim está faltando muita coisa.. Hoje foi só o primeiro dia de bolsa rota. Temos a semana pela frente! hehehe

    Bjos.

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  5. Ai Polly, Histórias tão iguais, pq pariar pode ser tão difícil, não é amiga? Demora para cicartizar, mas temos a maternidade, e esta se apresenta com infinitas possibilidades.

    bj Grandão,
    Malu

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