terça-feira, 17 de novembro de 2009

O veredicto - 6º dia

ATENÇÃO: Leia primeiro o 5º dia

Há um ano, numa hora dessas eu sentia muiiiita dor. Dia 17/11/2008, segunda-feira.

Precisava repetir os exames laboratoriais. Combinei de pegar os pedidos de exame na clínica que o Lucas atende. Colher sangue e urina no laboratório e ir ao Sofia pro Lucas me avaliar.

Não via a hora de chegar. Cheguei lá e fiquei um pouco na Casa de Parto. Aquela paz de lugar. Até que conseguimos falar com o Lucas. Adriano sempre do meu lado todos esses dias, com toda calma e paciência. Me dando amor, apoio e carinho o tempo todo. Assustado por não conseguir aliviar minhas dores.

Enquanto esperávamos o Lucas na anti-sala grande (entrada do hospital) eu ficava em mil posições. A maioria do tempo de cócoras e inclinada pra frente. Todos olhavam e deviam pensar que eu estava em trabalho de parto. (Bem que podia ser!).

Entramos pra sala de US. Lucas trouxe outro médico colega dele. Olha aqui e ali e não acha praticamente nada de líquido. Nada de bolsões. O ILA total era menor que 2. Senti que o Lucas ficou bem preocupado. E assim veio a indicação: "Vamos precisar fazer a cesárea!" Aquilo entrou na minha cabeça como um tiro de canhão! "É um pesadelo!", eu pensei.

Perguntei como estava o resto. Estava tudo bem, mas tinha pouco líquido demais. Poderia ter uma compressão silenciosa do cordão. Perguntei se havia alguma possibilidade de indução e ele desaconselhou. Bebê pélvico, prematuro, sem líquido. E eu com uma cesárea prévia. Ele considerava a cesárea mais segura.

Eu perguntei se ele achava que a Kyara iria precisar de UTI e ele disse que sim. Foi ai que eu desabei!! Chorei, chorei!

Eu sentia tanto por ter sido separada da Mayara nos primeiros instantes da vida dela. E com Kyara? Como ia ser!? Seria arrancada também e levada imediatamente? Não é possível que seria pior agora que da outra vez! Depois de desejar, planejar, buscar tudo de melhor que pode existir pra um nascimento.

De um momento pro outro começaram as combinações de em qual maternidade seria. Eu iria em casa pegar as coisas e nos encontraríamos lá. OPA! Pára tudooo!!

Falei com o Lucas que preferia que fosse no Sofia então. Porque lá saberia que ficaria o menor tempo possível longe da minha pequena e o atendimento meu e dela seria o mais respeitoso possível.

Ele saiu pra olhar se tinha vaga pra mim e na UTI pra Kyara. Enquanto isso eu peguei o telefone e liguei pra Rebeca, aos prantos! Ela começou a chorar também. Não sabíamos o que pensar e como me safar daquilo. Só se o tempo voltasse. Ela disse que tava vindo pra BH naquele instante e me ligava de volta pra saber onde ia me encontrar.

Liguei pra Míriam e ela toda atenciosa me dizia pra conversar com calma. Ver direito quais são as opções. Se precisaria da cesárea assim de urgência mesmo. Falou pra eu me tranquilizar e conversar com o Lucas direito que tudo de melhor iria ser decidido.

Adriano me ouvia chorando ao telefone e ficava sem saber o que fazer. Quando desliguei ele disse: "Polly, não precisa ser esse desespero todo! Vamos pra casa! Pensamos com calma no que vamos fazer!" Eu não poderia ter ouvido coisa melhor naquele dia! Agradeci a Deus pelo o Dri existir e ser como é. Ele não lida bem com imprevistos! hehehe Prefere tudo conversado/esquematizado. rsrsrs

Quando o Lucas voltou parece que até ele tomou um pouco ar e se despreocupou um pouco. rsrs Voltou mais tranquilo também. Eu me acalmei. As palavras do Dri me trouxeram de volta ao planeta Terra. Desde a indicação eu estava em outra dimenssão! Transtornada!

A conversa fluiu melhor. Lucas concordou como nossa decisão de ir pra casa, dormir, descansar e decidir. Disse que de quarta não podia passar, pois o risco aumentaria cada dia mais. Eu perguntei se poderia fazer outro US no dia seguinte. Quem sabe o quadro melhoraria. Ele disse que sim.

Nós fomos embora! Mas com a sensação e que a sentença já tinha sido dada! O desfecho já estava traçado! Era só uma questão de tempo. Eu tentava manter o pensamento de confiar em mim, nos meus instintos e ter a máxima certeza que eu estava fazendo tudo que eu pudesse. Não podia me deixar levar por nenhuma súbita decisão que me fizesse lamentar mais tarde. Ficava pensando, tentando achar uma saída daquele labirinto. Eu já nem sei mais o que eu queria que acontecesse. Um milagre? Sim. Mas nem sei que milagre eu queria que acontecesse. Eu queria abrir os olhos e acordar daquele drama.

Rebeca chegou no meio da madrugada, debaixo de muita chuva. Deixamos pra conversar no dia seguinte.

Eu continuava sentindo muiiiiitas dores. Tinha que deitar e ficar imóvel.

Foi uma noite looooonga. Às vezes eu ficava reparando se a Kyara estava mexendo. Colocava a mão na cabeça dela e sentia se ela tinha alguma reação. Eu fiz isso todos os dias de bolsa rota, mas naquele dia era como se eu quisesse uma resposta. A resposta para a pergunta que o Sandro me orientou a fazer.

PS: Também não tem foto deste dia. :(

AGORA leia o 7º dia

3 comentários:

  1. Estou sem palavras Polly! Como resistir à tanta dor? Sou super fraca para dor. Que pessoas maravilhosas que você tem ao seu lado para ter tempo de pensar e acalmar!!! Muita coragem meu Deus! O que vai acontecer no 7º dia? Por favor escreva... Beijos, Inessa

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  2. Ei Inessa,
    Ainda não terminei o 7o dia.. rsrs Tá ficando enoooooorme...
    Bjos e obrigada por ler e comentar!

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  3. Oi Polly!!

    Posta dia 7 aos pouquinhos!!!!
    Beijos curiosos!

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